11.17.2007

Não sei se é uma porta nem adivinho as cores da casa, mas bato. Passei nessa rua tantas vezes. Tantas vezes a encenar a mão a fechar e os nós dos dedos a bater. Mas era sempre não. Estou velha, não existem sítios ávidos, só paragens. O amor é uma natureza morta. Tantas vezes a sentir essa força ligeira, ligeira morte, desapercebida. Entretanto a carne e a sua maneira de falar. Mas não foi por isso. Tentei sobre-viver hoje. Sobre-vivo pouco mas ando sempre meia atenta à sobre-vivência e hoje estive de um lado de cá de mim. Bati à porta como quem vende bíblias fingindo que é livre. E afundei abarrotada de vazio. Podia falar do tremor que sentia ou do teu silêncio mas não vale a pena. O tremor pertence-me e o teu silêncio dói. Eu, sentada à beira da mesa, estendida, a dizer que sim, pois que sim, o peso da contingência, mesmo assim à espera. de compreender se haveria um momento em que a doçura entrasse, com ou sem vestes de volúpia. Faço de ti matéria macia e doce e não entrevejo dentes que possam ferir-nos. Mas existe o Bem e o Mal e arrancaste-me o Mal da boca. Eu ia muito longe buscar imagens. Afundei. Não faz mal. Sou rica em abrigos oceânicos. Mas estou aqui. A ver-te libertar-te de mim, sem saber se te dói pouco ou nada.

Toca uma campainha. O céu quebra-se vezes demais. Mas eu atendo. Não convém perdermo-nos das contingências.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há sítios ávidos à espera, mas nunca se ouve o toque da mão, fechada. A porta permanece muda. Outras portas ouvirão os teus gritos. Quem sabe?
E a campainha que ouviste? Contigência? Ou divergência?

3:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

"Afundei. Não faz mal. Sou rica em abrigos oceânicos. Mas estou aqui. A ver-te libertar-te de mim, sem saber se te dói pouco ou nada."
Sem saber? Acredita que doi, não pouco, mas muito.

2:49 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Bom Natal, miúda. Tudo como desejares. Este que se subscreve atenciosamente, O..TAL.

2:16 da manhã  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Tanta coisa que o teu texto me inspira...

Memórias.


Algumas dolorosas.

Outras deixam-me revoltada.

Comigo mesma.

Beijo


CSD

6:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Gosto muito disto maravilhoso.
muito boas, mo’ gostou muito, da mesma maneira que o blog, obrigado muito

12:52 da tarde  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

que saudades que tenho da minha lilly rose

11:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Deves ir ver:
http://clickdasfadas.blogspot.com/

3:00 da manhã  

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