9.20.2006

era uma vez

Lars Lhring


envoltas em papel de fadas começavam sempre com era uma vez as histórias que me contavam na infância
mãos que desfolhavam os mistérios doces mãos acetinadas todas as mãos que me tocaram adormecidas no meu conforto da sucção do dedo do sossego da noite sob o manto da cama
até ao despertar das paixões que me envolviam como histórias de fadas amarravam libertavam encantos sentidos primeiros sentidos prantos de quem conhece a perda trôpega vela fadas sem asas quem suplica à memória marcas dos abraços apenas daqueles braços suplica à memória traços tules feitos em pedaços que me tocaram depois todo o corpo feito colo até se abrir o ventre sobre o manto da cama esquecido o primeiro espanto de quem arde por dentro lança chamas deixa crescer as garras sob mãos adormecidas em leitos de rios suaves mornos abraços apenas daqueles braços.

1 Comments:

Blogger Claudia Sousa Dias said...

Essas são as mãos da minha querida avó...

CSD

12:31 da tarde  

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